quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

'Não terei dificuldade de divergir do governo', diz Jader



Recém-empossado, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) afirmou esta quarta-feira que, apesar de integrar a base aliada, “não terá dificuldade de divergir” do governo federal em votações na Casa. “Em princípio eu acompanho o meu partido”, disse Jader, em entrevista coletiva. “Evidentemente que isso não me impedirá, absolutamente, de eventualmente vir a divergir (do governo). Afinal de contas, devo o meu mandato exclusivamente ao povo do Pará”.
“Se eventualmente, em um determinado episódio, eu considerar que devo divergir não terei absolutamente nenhuma dificuldade de divergir”, reforçou o peemedebista, barrado no ano passado pela Lei da Ficha Limpa, que, contudo, promete em 2012 se "alinhar ao partido" e “ajudar no que for possível” o governo da presidenta Dilma Rousseff.
A declaração do peemedebista, que tem fortes laços com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AL), e com o líder do PMDB, Renan Calheiro (AL), sinaliza um recrudescimento da tensão que marcou as relações entre o partido e o PT no primeiro ano do governo Dilma.
Desde o início da nova legislatura, os petistas reclamam que o governo tem sido prejudicado pela atuação do líder governo, Romero Jucá (PMDB-RR). A divergência chegou a um ponto crítico em junho, quando a então senadora petista Gleisi Hoffmann (RS), hoje ministra-chefe da Casa Civil,atacou publicamente Jucá após sessão tumultuada que resultou na derrubada de duas medidas provisórias. 

Nos bastidores, o PT chegou a pedir a substituição de jucá, mas o movimento foi rapidamente sufocado pela cúpula do PMDB, que ameaçou deixar a base governista. Apesar de avaliar como positiva a entrada de um senador da base no lugar da oposicionista Marinor Brito (PSOL-PA), que ocupou por 11 meses a vaga de Jader, o Planalto sabe que terá de negociar com Jader espaços no governo se quiser tê-lo como um aliado.
O peemedebista, por sua vez, ficou mal visto por Dilma antes de voltar ao Senado. A presidenta não gostou do comportamento do senador paraense, que pressionou o PMDB a dificultar no Senado a sabatina da ministra Rosa Weber, indicada por Dilma para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), porque acreditava que o Planalto estava atuando contra ele.
Na ocasião, líderes do PMDB ameaçaram não votar a indicação de Rosa até que o caso de Jader fosse resolvido. O impasse só se resolveu após Dilma chamar Jucá no Planalto para tomar satisfações.
Jader, no entanto, minimizou atritos com o governo e disse que entrou no “final da fila” no Senado, “como recruta”. “Não tenho nenhuma reivindicação a fazer, não sou candidato a posto nenhum, a não ser exercer o meu mandato pelo estado do Pará”, frisou.
O parlamentar chegou ao Senado acompanhado de dois de seus quatros filhos, Giovana, de 15 anos e Daniel, de 9 anos - que durante a entrevista coletiva fez caretas para cinegrafistas e fotógrafos. Jader rebateu crtíticas sobre a antecipação da posse, que acontece em meio ao recesso dos trabalhos legislativos.
Segundo ele, a cerimônia de hoje foi marcada pelo presidente do Senado, José Sarney. "Não houve pressa. Achei até um pouco demorado. Acabei perdendo 11 meses de mandato", assinalou Jader, que até o reinício dos trabalhos, em fevereiro, receberá vencimentos de mais de R$ 50 mil, entre salário e ajudas de custos.

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