sábado, 13 de agosto de 2011

"Super 8" é ótima reciclagem de clássicos de Steven Spielberg


O ano é 1979 e o local, uma pequena cidade em Ohio, nos Estados Unidos. O personagem principal, um adolescente de cerca de 15 anos que acaba de perder a mãe e passa a maior parte do tempo produzindo um filme de terror caseiro com seus amigos. Durante uma filmagem, o grupo presencia um acidente de trem e, pouco depois, misteriosos incidentes começam a acontecer: pessoas desaparecem, equipamentos eletrônicos deixam de funcionar, militares tomam conta da cidade. Tudo indica que um ser de outro planeta está rondando a cidade, e o grupo de seis amigos sabe mais sobre ele do que a maioria dos adultos.

Se a trama parece familiar para qualquer pessoa com mais de trinta anos, não é por acaso. "Super 8", novo trabalho do diretor J.J. Abrams (criador das séries "Lost" e "Fringe", entre outras), é uma homenagem aos filmes que Steven Spielberg criou nos anos 1970 e 1980. "ET, O Extraterrestre" e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" são as principais fontes de inspiração, mas não é preciso se esforçar para encontrar referências a "Tubarão" (o alienígena é revelado aos poucos) e "Parque dos Dinossauros" (a cena do ônibus), além de "Os Goonies", que Spielberg não dirigiu, mas produziu.

Antes que se acuse Abrams de plágio, não custa lembrar que o filme foi feito com o aval do próprio Spielberg, que é produtor do longa. E, mesmo se o cineasta não estivesse envolvido, "Super 8" ainda seria válido, já que as referências a "ET" e "Contatos Imediatos" estão muito mais próximas da homenagem do que da cópia. Há citações que parecem até piscadelas de Abrams para fãs do Spielberg - caso, por exemplo, do flare (efeito causado pela reflexão da luz na lente da câmera) presente na cena do acidente de trem, idêntico ao usado por Spielberg em sequências de "Contatos Imediatos".

Outra lição que Abrams aprendeu com Spielberg foi dar tempo para a história se desenvolver. Há um punhado de ótimas cenas de ação (o acidente de trem, por exemplo, é espetacular), mas o filme não se baseia somente nelas para prender a atenção do público: o personagem principal, vivido por Joel Courtney, parece uma pessoa de verdade, e tanto sua dificuldade para se relacionar com o pai durão quanto sua paixão pela amiga interpretada pela ótima Elle Fanning soam verdadeiras.

E há ainda, é claro, o humor. O filme caseiro de terror que os seis amigos fazem (o nome "Super 8" vem da película usada por eles) rende boas risadas durante toda a história - vale acompanhar os créditos finais para assistir ao curta na íntegra. Como nem tudo poderia ser perfeito, há alguns furos no roteiro - que não chegam a comprometer a trama - e um certo exagero no sentimentalismo no final. Essa pequena dose de melodrama, tão característica de Spielberg, poderia ter sido deixada de lado por Abrams.



Fonte: Último Segundo

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